Água mole, pedra dura, tanto bate, até que fura. Já dizia aquele ditado que, quanto mais se insiste e se repete algo, a tendência é que aconteça de fato, seja para o bem ou para o mal. Felizmente, os acontecimentos desta primeira prova em Suzuka só provam a mim o quão importante é ser chato em alguns aspectos e ao mesmo tempo cutucar tanto na ferida de outros. Não basta apenas analisar uma prova como se ela fosse isolada, como se não refletisse no restante do campeonato e, muito menos no desempenho dos pilotos. Isso não é festa. E eles entenderam, compraram a idéia da constância, da consistência e do evoluir com o andar da carruagem. Permanecer na pista até o fim, independentemente da posição. Competidores com veia de vencedor sempre querem terminar a prova, salvo é claro, quando os acontecimentos são fortuitos como uma batida, ou de força maior no caso de internet e etc.
A evolução dos mesmos é impressionante, e dizíamos, se continuarem assim a próxima temporada será incrível. E essa primeira parte que aconteceu no Japão, deu as caras como um temporal de bons pilotos que resumo em apenas seis abandonos entre dezoito carros, isso é ótimo, visto a dificuldade. O equilíbrio na qualificação nos mostra um Rodrigo Trindade muito forte, é claro, mas nem de longe hegemônico como fora antes, uma prova foi ter largado em 4º lugar e ter de remar para vencer. Mas ele venceu outra vez, você me diz, e eu não discordo dos méritos dele, mas não foi uma vitória de ponta a ponta, ele teve que brigar muito até conseguir abrir uma vantagem. É inegável que tem uma certa superioridade, afinal é o mais bem preparado na categoria do hardcore pelo tempo de prática, porém, e esse porém é enorme, o pessoal da retaguarda está com sangue nos olhos.
Rafinha chega muito maduro, diferente do seu início lá atrás. Vem firme e aprimorando ainda mais sua defesa espetacular. Fez uma bela prova de recuperação, e crava de uma vez que, por aqui não é mais menino. Principalmente pelas boas atitudes. Gabriel, que deu as caras nos eventos é outro muito bom piloto, que chega para incomodar e vai dar dor de cabeça nos demais, no lado bom, claro, pelo menos é o que eu espero. Fernando, André, Gustavo, todos fizeram uma excelente prova analisando como um todo. O próprio Gustavo foi protagonista em uma briga com Rafinha digna de melhores momentos. Justamente porque ele aplica o que seu adversário faz de melhor, defender. Lucas Yan, outro jovem piloto que alavancou de um jeito, que parece ter esquecido da vida para entrar de cabeça no jogo. Não é sua primeira corrida de destaque e se continuar mantendo o nível, é o outro forte candidato.
O grande nome de Suzuka foi Maycon Santos. Exatamente. Muito irregular nas primeiras etapas que participou, vem aos poucos construindo um espaço, bem aos poucos ele vai mostrando que tem talento e hoje fez chover sem assistências. Prova incrível de alguém que para bobo não serve. Espero que continue assim, que não seja um fogo de artifício, que faz um barulho enorme e se apaga instantes depois. Não existe um favorito, todos podem ser campeões, qualquer um, basta se dedicar, e buscar com ânimo. Talento só não basta, é preciso de continuidade e planejamento, para que não caia na estatística de quem o analisa.
Mauricio Klippel