Em uma final de Argentinos prevalece a raça, catimba, e muita reclamação em meio a dois brasões pesadíssimos no país hermano. Calma, não é bem assim. Os times são azuis e brancos, mas seus treinadores trazem as cores verde e amarela no peito, portanto raça, e qualidade não faltaram entre River e Rosário Central na decisão da Copa da Argentina. A reclamação foi substituída pelo talento, pela tática e um futebol muito bem jogado. Lauro Roberto é um dos grandes nomes da Liga, tem personalidade na hora de armar um time e mesmo cometendo pequenos erros é um campeão de peso, digno de muitos títulos por aqui. Raras foram as vezes que encontrou um rival à sua altura, quando encontrou foi difícil segurar, e algumas vezes perdeu, hoje, Jovanes Holanda foi além, bem mais que a ‘’altura’’ de Lauro e nem sequer deixou que o River mostrasse as mangas com perigo.
Rapidez e muito toque de bola. Lauro trazia em Scocco seu homem de frente, aquele que receberia as bolas em profundidade, pelo alto e até mesmo seria o pivô que lhe compete ser, não foi. Quando sentiu que tinha eficácia, e isso ele descobriu na dificuldade, ele atrasou o atacante para flutuar, simplesmente a bola não chegava nele, era hora de fazer o que ele geralmente não faz: Jogar no contra-ataque. O Rosário de Jovanes surpreende pela calma, pelo alto nível tático colocado em campo, ora, o adversário estava perdido em meio a tantos passes curtos e rápidos, como um reloginho que passa seus ponteiros exatamente no mesmo lugar para marcar a hora. Foram triangulações efetivas no quesito construção, 20, 30 segundos de controle de bola e uma zaga sem reação. Bola cruzada nas costas, cabeceio fatal de frente, 1 a 0.
Claro, ele não estava jogando contra um amador, e muito fez Lauro do jeito que lhe cabia mesmo na pressão que sofria sem trégua. Bola na trave, zagueiro tirando debaixo da linha e um sufoco sem tamanho. O segundo gol veio pelo chão, trabalhado e as possibilidades do River foram para o espaço. Lauro Roberto é o homem das revanches, e ele certamente já pensa na mesma como se fosse acontecer agora, é certo que irá buscá-la, mas mais certo ainda é que hoje essa Copa tem dono e é o Rosário Central perfeito taticamente de Jovanes Holanda. Um lindo jogo tático e de cartilha, que se diz como envolver o adversário e deixá-lo perdido em campo. Surge um novo treinador de peso. Surge uma possível revanche. Surge um novo campeão.
Mauricio Klippel