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Tiago Luz: O início do início

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Praticamente todo o moleque brasileiro gosta de futebol, e mesmo no mundo de hoje, em que as “diferenças” aparecem de maneiras bem expressivas, onde os meninos não são mais obrigados ou influenciados a “nascer chutando uma bola”, e por escolha própria podem brincar com o que tiverem vontade, ainda, mesmo assim, o envolvimento com o futebol desde criança, continua a ser uma supremacia.

O ano: 2006, e Tiago Luz naquela época era um dos tais moleques que estava de corpo e alma entregue ao mundo da bola. No seu caso, não só através das peladas na rua, mas também nos games. Unir uma coisa à outra pode não gerar frutos, é o famoso “nada com coisa nenhuma”, por outro lado, a fome com a vontade de comer, muitas vezes nos entrega algo grande, não pronto, é claro, mas pode nos colocar no caminho certo, e quem sabe até mudar a nossa vida para sempre.

Os campeonatos realizados em um único dia não eram “o melhor” na cabeça de Tiago, segundo ele eram chatos e repetitivos. A bem da verdade, as coisas parecem não terem mudado muito de lá para cá no que diz respeito a competitividade, tanto que naquelas ocasiões, mesmo com poucos jogadores, quem não estava indo bem não jogava mais. Uma leve coincidência, não é? Mas é óbvio, conforme o tempo ia passando as obrigações de um jovem adulto também iam aparecendo, alguns abandonos seriam inevitáveis.

No fundo ele sempre acreditou naquilo, na ideia de os games lhe darem dinheiro no futuro, e por isso mesmo foi que seguiu em frente neste caminho, continuou, decidiu ficar por ali até encontrar um parceiro que topasse surfar na mesma onda. Voltando um pouquinho no tempo, só a título de curiosidade, em 1997 Tiago é apresentado ao seu amigo de infância, o “ÉÉÉÉ”, mais famoso da Reality: Ricardo Vargas, que a tiracolo trouxe o irmão mais velho Rudi, para os encontros frequentes que se estendiam por muitas horas, se querem saber.

Todos os campeonatos “TOPS” eram reproduzidos ali, na chamada “1ª temporada”. Inglês, Alemão, Espanhol, Brasileiro, Libertadores e por aí vai, com um número imenso de competidores (3) era assim que as coisas se resolviam, talvez houvesse um xingamento ou outro, mas isso faz parte. Só quero acreditar que Tiago ainda não era adepto ao charuto.

2010 foi o ano de reproduzir a primeira Copa do Mundo, anotações, recortes, muitos cadernos cheios de números e um profissionalismo que já vinha desde aqueles anos, até anteriores a este que falo agora. A coisa sempre foi séria, o caráter para desenvolver a competição saudável sempre existiu, e mesmo de maneira extremamente amadora como Tiago conta, as coisas andavam bem, elas funcionavam, e em 2011 os primeiros troféus foram incorporados, sim, você já pensou em um campeonato disputado entre amigos que premia com troféus? Com decisão de Chuteira de Ouro, Bola de Ouro e seus sequentes, Luva de Ouro e até o Cérebro do campeonato! Difícil encontrar tal coisa.

Já não muito longe de hoje, 2013 e 2014 foram anos de um breve, e não total afastamento. Os jogos aconteciam, mas não com frequência, até porque, buscar sustento é preciso, nem todos podem tornar seus sonhos realidade horas depois de colocá-lo no papel, é necessário trabalhar, e até mesmo deixá-lo em segundo plano às vezes. Acreditem, até uma locadora entrou em pauta neste meio tempo, e pelo que vemos crescer diariamente com a internet, realmente foi melhor ter esquecido a ideia.

Todos já passamos e vamos continuar passando por portas que não se abrem, por bocas que falam porque são obrigadas e olhos fulminantes de inveja. A vontade de implementar o modo online no futuro negócio parecia promissora, mas como começar? Uma demissão e a precisão de dinheiro o colocaram no trajeto. Numa ida até a cidade de Flores da Cunha aqui mesmo no Rio Grande do Sul, próximo de Caxias, ele encontra uma das “bocas que falam obrigatoriamente”. Uma ideia, um feedback, era o que ele procurava ao contar o plano a um dono de locadora. “Difícil, fechado”, essas foram algumas das palavras ditas, e para quem ouve, soam somente como desencorajamento.


 
Weverton Cunha, o primeiro milionário da Reality XP

 

Mas sem terra arrasada, o tal dono incluiu Tiago em um pequeno grupo de FIFA manual, o que sempre traz pessoas boas, interessadas, que se destacam entre as outras. O projeto “FIFA REALITY” tinha de começar, e tudo era feito pelo celular, tome amadorismo publicitário! (Risos). Bom, mas nem só de FIFA viveria Tiago Luz, e num link de transmissão da Liga PRO RACE, lançado naquele grupo, mais uma coisinha brilharia aos seus olhos e entraria para ficar definitivamente: A F1 online transmitida ao vivo, com narração emocionante, comentários, pegas insanos e bastante popularidade. Obviamente, ele se inscreveu, setembro de 2016, eram o mês e ano. Dali surgiram figuras de muito valor que conhecemos hoje, como Fayol Aguiar, o cara a empurrar Tiago praticamente a força para aderir a F1 em seu projeto.

Diogo é um dos sócios da empresa, e Tiago me conta que não achava que o mesmo pudesse abraçar a causa e segurar essa bronca no peito, como abraçou e segurou naquele ano de 2016, quando tudo era tinta e papel. E, sabe o amadorismo publicitário? Ele continuou, em páginas do Facebook e Instagram, afinal, cada um luta com as armas que tem, ou melhor, que são possíveis para determinado momento.

31 de maio de 2017. A F1 estava na cabeça, mas não na mesa. O futebol ainda era o carro chefe, justamente porque o pós corrida nas Ligas eram terríveis, xingamentos, cobranças abusivas, discussões e muito mais, e mesmo com os olhos brilhando, ele não queria passar por aquele calvário, não mesmo! Bem, começam os trabalhos na Reality neste dia 31, e a Copa das Confederações é um verdadeiro sucesso! 180 players, mais de 100 pessoas assistindo, lives com mais de 600 visualizações, ora! A empolgação tomou conta, mas o campeonato era gratuito, e o trabalho dobrado. Nada passa sem dores de cabeça, nada!

A tão famigerada F1 entra no cardápio, decisão difícil, que exigiu força de vontade e paciência, talvez, mais uma cabeça, uma cabeça publicitária que tem experiência de sobra no ramo e um conhecimento enorme sobre F1. Seria a vez de Fábio Bispo dar as caras, abraçar a sociedade e acabar de uma vez por todas com artes horríveis feitas por Tiago e Diogo. Uma nova caminhada se iniciava ali.

Os momentos que se vive em uma empresa, seja no início, fim, ou plena atividade, são muitos. Aqui não foi, não é, e nem será diferente. Enquanto a carruagem anda e as engrenagens são tocadas da maneira mais profissional possível, a cabeça pensa lá no fundo em como sair da crise. São muito desafios, mas só cresce quem vê além dos erros e da dificuldade do dia a dia. A história para por aqui, essa pontinha contada, era o que faltava, daí em diante você já sabe, já conhece, acredita ou não acredita, acompanha ou não acompanha, e é democrático querer ou não, mas se chegou até aqui, é porque sabe que histórias assim, começam pelo coração.

Mauricio Klippel

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