Soberanos em dose dupla

Apesar de todos os pesares, e entre batidas e incontáveis punições o esperado por todos nós, GP do Brasil, nos entregou o que pedíamos: EMOÇÃO. Para todos os gostos, seja para quem torceu ou para quem ‘’secou’’, o que realmente importa é correr. Numa pista tão querida pelo nicho do automobilismo mundial, seja por fãs ou pelos próprios pilotos ninguém quer fazer feio, e a maioria não vê a hora de correr ‘’em casa’’, afinal só um tal de Senna fez história ali. Mas alguém mais quer deixar seu nome na pista, mesmo que seja no mundo virtual, e sim, ele deixou, ou melhor, ELES.

Me dei ao luxo de alertar na coluna passada, quão agressiva e perigosa é esta dupla de corredores da SAUBER, e que logo os veríamos correndo juntos no pelotão de cima mais uma vez. E cabe a mim ressaltar tudo isso. A tocada de Francisco é leve e agressiva ao mesmo tempo, ele abraçou a pole, fez uma largada absurda e mandou seus companheiros de pista catar borracha porque nunca mais o viram depois disso. Ele não dirige de macacão, dirige de terno o rapaz, sem contar que mesmo não precisando tirou tudo do carro e cravou voltas mais rápidas várias vezes. Já seu parceiro de equipe Fernando, e não menos capaz, voou baixo, não tirou o pé, e carimbou o seu passaporte de ótimo piloto, existe uma evolução ali, ele sabe, e mostrou na pista. Treinar e conhecer principalmente seu carro cada vez mais, vai além de ser importante, diria que é fundamental, depois de pôr pneus novos empurrou um tempo absurdo chegando na casa de um minuto e onze, sensacional. Foi meu destaque na primeira etapa, e permanece nesta também. Sobra qualidade nesta dupla.

Nas anotações que faço durante as provas cansei de marcar punições, creio que os pilotos busquem melhorar isso também, afinal três segundos nos boxes é uma vida na F1, e acho que não preciso nem comentar sobre os abandonos de prova, problemas com o carro, e distrações... o que custou a corrida ao Tiago que lançou sua RED BULL ‘’aos beijos no muro’’, um beijo sem volta, claro. Não é fácil correr no modo 100%, mas é preciso estar atento, sempre. Isso vale para a grande maioria que corre muito bem, como o outro Tiago, o que corre de bandeira italiana, a sua vermelhinha bateu na junção na volta 63, eu mesmo não acreditei que vi aquilo acontecer sabendo que briga o tempo todo.

Dois pilotos em completa exceção não puderam fugir do meu radar, os ‘’macacos velhos’’, Fabio e Fayol, que andam respectivamente de RENAULT e MERCEDES, merecem uma menção honrosa. Não importa suas posições, eles são limpos, e jamais abandonam uma prova por questões que não sejam as de dentro da pista, tocam forte o tempo todo. A MERCEDES de Fayol veio de lanterna acesa quase que toda a corrida, problemas no carro?, acredito que sim, mas ele terminou a prova, e evoluiu com isso. Vi o Fabio perder a traseira do carro, perder e ganhar posições, lutar a todo momento sem dar trégua, estamos no fundo, mas no fundo também tem briga, e não vai ser assim para conseguir uma ultrapassagem encima do piloto da RENAULT, me agrada muito o modo como briga na pista, tanto que as melhores disputas ficaram nas suas mãos.

Passou apenas a segunda etapa, ainda há muito o que evoluir, e foi muito bom ver tantos pilotos acabando a corrida. Olhos bem abertos e mãos firmes no volante, o treino faz diferença. Uma dica aos pilotos, tentem dar o melhor de si, as corridas com desempenho real dos motores são poucas, então tratem de observar a dupla dinâmica e buscar pontos de recuperação. Assim literalmente correr atrás do prejuízo, e sabem como se chama o prejuízo? Francisco Ericsson.

Mauricio Klippel