Quem dá aula na pista é professor por consequência

Mantendo uma regularidade aliada principalmente ao conhecimento, Rodrigo encerra a categoria dos carros clássicos como campeão

Quantas vezes já vimos títulos serem decididos em Suzuka, foram tantas as oportunidades em que isso aconteceu e que já abordei esse assunto que nem é mais necessário falar, mas também não é preciso esquecer, e sempre é bom trazer isso a tona quando migramos até o palco japonês do automobilismo mundial. É grandioso aos nossos olhos o que Senna fez, o que Prost e tantos outros também fizeram. E são esses pilotos que inspiram os nossos amantes das corridas aqui da liga, nossos competidores se entregaram do início ao fim da temporada, erraram, aprenderam e evoluíram, e ao som do MP4/4 Rodrigo Trindade terminou campeão.

O menino, que nem é tão menino assim, Rafinha, me agradou por fazer exatamente o que eu queria que fizesse, afinal dependia da vitória e de um erro de Rodrigo para ser campeão, era difícil, mas não impossível, e com todo seu ímpeto atacou Matheus Bonotte na largada e foi agudo a corrida toda, pensou em estratégias e as executou bem até ser traído pelo desgaste. O problema realmente era os pneus, durando pouco mais de seis voltas não seria possível fazer uma parada apenas, e ele teve de enfrentar de frente o perigo. Não foi dessa vez que saiu vencedor de um campeonato, mas sairá numa próxima com toda a certeza, chegar em segundo guiando carros tão difíceis e a frente de tanta gente veterana não é nem nunca será para qualquer um. Oitavo na pista, mas segundo na categoria.

Quero fazer aqui uma ressalva muito importante: Matheus Bonotte, isso, exatamente. Foi o melhor piloto da prova, e para mim é o mais corajoso da liga. Embora tenha cometido erros fatais em algumas provas, ele simplesmente nunca desiste, anda rápido e até é inconsequente as vezes, mas tem evoluído muito, e com certeza evoluirá ainda mais. A quem diga que lembra o Leão na forma de pilotar, hora anda de forma espetacular, hora erra feio. Ele ainda corre na categoria sem assistências, sofre um bocado, mas persiste muito e são pilotos assim que gostamos de ver, que não se apequenam jamais e aprendem com seus resultados. Grande piloto.

O Professor tem sido de outro mundo, ganhou esse apelido porque ama correr, sabe de partes técnicas e estuda tanto os circuitos, quanto seus carros, e ainda mais seus oponentes. Dá uma aula de pilotagem, não é malabarista, é simples e objetivo, acerta suas estratégias e reconhece quando erra, porque ele erra também. Não existe evolução sem erros, desconheço alguém que tenha chegado longe o suficiente sem nunca errar. É vencedor com méritos, méritos que chegaram sem jogar sujo, e nem de se preocupar com brigas alheias, ele simplesmente estuda, corre e da aula. Esperamos que seja sempre assim, afinal a fila para as matrículas já está enorme, e professor tem que dar exemplo.

Mauricio Klippel