Acredito eu que, o melhor que poderia ter sido feito em uma corrida de 50%, de fato, foi. Da melhor maneira possível e sem deixar quaisquer tipos de dúvida em relação ao que pode fazer Vinicius Bianchin. Realmente impressionante. Através da prova de hoje, ele nos expõe de uma vez por todas as suas credenciais de bom piloto. O que falta para se consolidar entre os possíveis favoritos ao título? Fácil, regularidade.
Com tantos bugs e erros de sincronia na largada, parecia que veríamos um festival de horrores, e eles até que tentaram se apresentar, mas o verdadeiro show foi por conta das batidas. Enfim, não vou me ater a elas, mesmo que tenham sido horrorosas. A grande verdade é que este grande prêmio começou com a boa e velha cara de Cingapura, com gente indo embora e deixando um vácuo na pista, só que neste não cabia apenas um carro. João Ildeu tratou de assumir a ponta e cortejá-la. O ótimo piloto segurou muito tempo, mas era em outro endereço que a taça ficaria. Entre algumas ultrapassagens aqui e outras acolá, chegou a chuva, e como toda a boa tempestade, vem para lavar a alma.
Vini largou de pneu branco, foi desclassificado do qualy e teve de largar na escuridão do pelotão. E é aí que verificamos que F1 não é apenas um “troca-troca” de pneus sem nexo e pilotos sem vontade de passar. Pelo contrário, Bianchin conseguiu resgatar a alma da corrida, veio assumindo posição por posição, numa pista horrível, estreita, lenta e o melhor: a baixo d’água. Foram inacreditáveis dezessete posições. O composto branco escolhido para largar foi eficaz, conseguiu conduzir muitas voltas com ele, e ultrapassar, ainda por cima.
Pneu intermediário, ele e Ildeu vinham numa tocada digna de quem precisava tirar tempo em relação ao outro. Mas quando a chuva aumentou Vini não trocou, segurou no puro talento e braço, até vencer. Incrível a pilotagem do garoto. Impediu um João Ildeu de passá-lo, com a diferença despencando na hora do temporal. Mesmo assim, ele decidiu ficar na pista e carregar sua Orange na base da luta, valeu a pena, a pista mais tarde ficou favorável aos intermediários e a distância para João subiu a casa dos quarenta segundos.
Puro braço e talento. Fazer tudo isso numa prova tão difícil e curta, e com pneus desfavoráveis a tanta água, é digno de palmas. Se fosse outro conservaria tudo, mas ele não, e ainda bem que não! Mostra que temos pilotos arrojados na nova geração. Precisa manter bons resultados para brigar com Ildeu, que foi segundo hoje, mas venceu as duas primeiras. Um final de prova espetacular dentro do contexto. F1 é muito mais do que estratégia. Ser persistente e brigador não faz mal a ninguém.
Mauricio Klippel
Classificação:
Resultado:
Pilotos que não completaram a prova: