Ruge o Tigre

CORRIDA DO MILHÃO - S01 - GP DO BRASIL

Ruge o Tigre! Nicolas faz prova incrível e leva prêmio para casa

A gama de pilotos para essa decisão importantíssima tinha lá seus altos e baixos, nem todos eram espetaculares ou “fora da curva”, como gostamos de dizer popularmente, mas o que é indiscutível é o fato de que todos chegaram até ali por méritos, se alguém “relativamente melhor” ficou de fora, paciência, quem foi para a disputa, foi para vencer, principalmente sabendo que tudo pode acontecer.

E aconteceu.

Fazia bastante tempo que não tínhamos por aqui uma prova tão disputada, tão linda de se ver e passando léguas de distância da monotonia. Pilotos lado a lado, divisões agudas de espaço, pressão ainda maior em decorrência da Pole feita por George Silveira, um Léo Mautes competitivo como sempre, e claro, um piloto fazendo protagonizando um ato de heroísmo no AV: uma prova sensacional de recuperação que levaria ao prêmio.

Nicolas Breno, o Tigre, foi sem dúvidas o grande expoente em Interlagos, fez o que já vimos o próprio George fazer, e muitas vezes, Léo. Recuperou uma prova a princípio perdida, saiu do primeiro pelotão para enxergar as coisas do último, ativou o modo paciência e buscou o 1 milhão de Realetes, no braço.

A pole sensacional de Silveira foi completamente água abaixo depois de “bugar” na largada, o carro travou, colidiu com o de Nicolas e ambos perderam muitas posições. Para George foi o fim, coisas desse jeito acontecem sempre, infelizmente. Para ele, restou empurrar o carro até que abandonasse pelo excesso de punições.

Léo, Wandaick e Matheus assumiram a briga pela ponta por praticamente toda a prova e nos deram aquelas brigas de tirar o fôlego, aquelas que nos acostumamos a ver se arrastar por todo o tempo das corridas. Sensacionais, simplesmente avassaladores em técnica e precisão. Mas a banca paga e recebe, e quando paga, paga com punições. A agressividade e competitividade deles, principalmente de Léo, lhes deram penalidades exageradas. Tudo tem um preço.

No entorno disso tudo estava Nicolas, desempenhando aquele tipo de corrida que você não vê até que ele chegue no bolo principal, aí a recapitulação imediata da prova nos assusta. Estratégia bem pensada e cirurgicamente executada. O jogo da paciência não é para qualquer piloto, definitivamente, não é! Perceba: ele pensou como qualquer um naquela situação, ou seja, corrida acabada. Nada disso, a injeção exata do engenheiro lhe colocou na prova.

O safety car, amigo e inimigo ao mesmo tempo, também foi fundamental na execução.

Marcar os líderes, e tirar tudo o que se pode, volta a volta, no braço, contar as punições, encostar, passar e abrir, ou administrar a vantagem de tantas penalidades. Difícil, missão muito difícil, porém, cumprida.

E lá na frente, bom, a faisqueira continuava maravilhosa entre Léo, Wandaick e Leão. Trocas de liderança entre os três no melhor estilo gato e rato.

O erro de Leão aproximou Nicolas da batalha principal, Arthur Isac, o ótimo Arthur Isac, também estava por lá, e fez bem seu papel, diga-se de passagem, conduzindo de amarelo até o limite e voltando bem na briga pelo pódio.

A tocada do Tigre foi espetacular, encostou nos demais com uma vontade enorme, avançou de um jeito poderoso, e isso se deu claro, ao não desistir e a atenção dedicada aos erros dos demais. Depois da bobeira de Wandaick é Léo quem assume, brigando naquele momento com Nicolas. Nada ficou a desejar, passa daqui, passa dali, até que Nicolas assume e abre.

Nicolas vencedor. Wandaick 2º. Arthur Isac 3º.

Prova justa, justíssima. A queda de George não entra nesse mérito, por isso aconteceu o que deveria, e venceu quem de fato foi melhor. Repito: cirúrgico, cheio de paciência e muito braço.

O Tigre quer rugir mais alto. Já mostrou que pode.